Comer chocolate é bom. Comer chocolate no Chiado numa tarde de Outono é ainda melhor. Os olhos não precisam de se mexer muito. As pessoas vão aparecendo; os motivos para nos distraimos vão surgindo; cor a cor, cheiro a cheiro. à falta da máquina, é da memória fotográfica que me sirvo: da claridade do dia, sente-se o frio do Outono. Nas pernas, a collants castanhas e cinzentas, saias mil, rodadas, justas, curtas e pelo joelho. Muitos cabelos pintados, do mais extravagante ao cor de cajú da vizinha Carlinha. A atravessar a rua do Norte uma saia da ganha vida com o vento; risos idosos ouvem-se na Praça Luís de Camões. Nos rostos, ora de lisboetas, ora de estrangeiros do mundo (entenda-se mundo além Lisboa e Vale do Tejo) muitos Ray-ban e os seus pseudos. As vozes são muitas, as cores nem tanto. É o Chiado encantado